A imagem da dona de casa sempre à beira do fogão não é tão antiga no Brasil quanto imaginam as novas gerações. Essa é uma das conclusões da dissertação de mestrado de Débora Santos de Souza Oliveira, que analisa a transmissão do conhecimento culinário no Brasil urbano do século XX e foi defendida no ano passado no Departamento de História da USP.
Segundo a pesquisadora, foi só na década de 1950 que a dona de casa brasileira entrou na cozinha para fazer doces e comidas mais delicadas, já que até então esse era um espaço reservado às criadas. A mudança de hábito se deu graças à diminuição do trabalho doméstico proporcionado pelo surgimento e popularização de eletrodomésticos e produtos industrializados, que tornaram mais rápida a preparação de alimentos. A partir de então, “surgiu o desejo de inserção no mundo moderno. As pessoas queriam comer aqui o que se comia em Paris. Foi a época do estrogonofe”, afirma Débora.
por Heloísa Broggiato

Propaganda de eletrodoméstico da década de 1950: graças à popularização desses equipamentos as donas de casa brasileiras começaram a entrar na cozinha.